Muito interessante a reflexão sutil deixada ao final do texto "Autismo-atuais interpretações para antigas observações"de Cleonice Bosa:
"Enfim , o autismo é uma síndrome intriganteporque desafia nosso conhecimento sobre a natureza humana. Compreender o autismo é abrir caminho para o entendimento do nosso próprio desenvolvimento.Estudar autismo é ter na mão um imenso 'laboratório natural' de onde se vislumbra o impacto da privação das relações recíprocas desde cedo na vida. Conviver com o autismo é abdicar de uma só forma de ver o mundo-aquela que nos foi oportunizada desde a infância. É pensar de formas múltiplas e alternativas sem, contudo perder o compromisso com a ciência (e a consciência!)-com a ética.É percorrer caminhos nem sempre equipado com um mapa nas mãos , é falar e ouvir uma outra linguaguem, é criar espaços de troca para os nossos saberes e ignorâncias.Se a definição de autismo passa pela dificuldade de se colocar no ponto de vista afetivo do outro,(um comprometimento da capacidade empática ,como diz Gillberg,1990) é ,no mínimo, curioso pertencer a uma sociedade em que raros são os espaços na rua para as cadeiras de rodas , poucas são as cadeiras escolares destinadas aos 'canhotos' e bibliotecas equipadas para quem não pode usar os olhos para ler.Torna-se então difícil identificar quem é ou não "autista"."
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